quinta-feira, 24 de março de 2011

[ procura-se um especialista em gramática ]

"Observamos nossa namorada e nos tranquilizamos com "bonita", "linda", "maravilhosa", "incrível", "fabulosa". Ela vai se tornando igual às outras. Não criamos gentilezas novas, não nos esforçamos para a homenagem. Não duvidamos do que sopramos para fora. Se ela derruba os livros no chão, apontaremos que ela é atrapalhada. Por que não dizer que ela transborda? Se ela esquece onde colocou a chave, lembraremos que nunca presta atenção. Por que não dizer que você é um portão da infância; é simples empurrar? Se ela acorda ranzinza, não condene. Por que não dizer que a ironia é a noite do humor? Por quê? Para quando ela estiver casando com outro, não lembrar mais da vírgula. A vírgula errada, que separou o sujeito do predicado. "
F.C.
 
 
 
 
 
Mesmo para quem entende muito de gramática às vezes escapa uma vírgua entre o sujeito e o complemento. E quem muito amou percebe que no fim há sempre uma vírgula entre os sujeitos e o verbo amar. Uma vírgula, uma pausa, que representa o medo. E quando o sujeito vai e tenta encontrar o verbo amar e seus derivados como entregar-se, doar-se, cuidar ( do outro), perder a concentração, e tantos mais .. percebe que é tarde. Perdeu-se o ritmo da frase, do relacionamento que às vezes nem começou. Até que vem alguém e inicia um novo parágrafo. A expectativa é sempre que este outro entenda mais de amor e de gramática. Que ele saiba usar as vírgulas no momento certo, por exemplo ao descrever nossas qualidades. Mas, especialmente que ele nunca crie obstáculos e pausas entre os sujeitos e o amor. Nunca.


L.G.
 

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